quarta-feira, 27 de maio de 2020

Cada vez que ando para a frente...
Ando para trás.
As decisões que joguei por cima dos ombros levianamente,
Perseguiram-me até hoje...
Até as mais decisivas ou importantes,
Foram desconsideradas pela crença de que o que terá de acontecer,
Acontecerá!
A vida não espera por ninguém!
Sei disso e deveria ter tido essa informação mais em conta...
Mas também acho que aproveitei todo o sumo que a vida me deu...
Que espremi as laranjas com toda a força que tinha e a técnica que vim adquirindo ao longo dos tempos...
E o sumo tem sido sempre doce...
Ocasionalmente com uma laranja doce demais para o meu sabor,
Mas continuo a adorar sumo de laranja...
Houveram dissabores no meu percurso...
Idéias erradas também...
Cheguei a dizer várias vezes a alguém que era a mulher da minha vida...
Hoje estou sozinho!
Acredito cada vez menos nos sistemas montados pelo Homem,
Mas dou comigo impossibilitado de fazer a minha vida fora deles...
Sucumbindo nos valores morais e económicos para me inserir.
Não me considero normal...
Nem assim o desejo.
Tenho os olhos abertos demais!
Já sei aceitar o desconhecido como causa,
Mais levianamente que aceitar um erro humano sem consideração ou consequência.
Vejo os valores dos outros a tentarem afectar o meu juízo,
E da mesma forma que se aproximam de mim para ficarem um pouco mais como eu...
Também eles tentam que eu vá ficando um pouco mais como eles.
Como a aceitação e sensação de pertença te fazem fazer coisas que nunca farias de outra forma...
Como mudar alguém de quem gostas...
Com a pandemia tudo se tornou mais sério...
As ruas estão vazias, assim como os estabelecimentos e lojas...
O dinheiro estagnou nas contas bancárias e todos os luxos que temos foram usados.
A civilização moderna mostrou o seu jogo de cintura e demonstrou como a realidade que conhecemos...
Pode e irá mudar.
O medo foi instalado novamente na mente das pessoas,
A agenda não foi revelada.
Alguns lobbies lucram abissalmente e outros caem na ruína...
Estados Super Potências erram e assumem falta de liderança,
Enquanto outros são apontados como chefes da OMS...
Os aviões e consequentemente os aeroportos são fechados,
Mas os navios navegam livremente na calma do mar.
Os casos de contágio aumentam...
Fecham-se os estabelecimentos e ordena-se quarentena...
Começam os problemas financeiros devido à quarentena.
Os casos não aumentam mais... Acaba a quarentena...
Começa o verão.
Transportes Fluviais enchem-se de pessoas que procuram um metro quadrado de areia na praia,
Ignorando a distância social pedida...
As restrições às deslocações são levantadas e as casas do Algarve voltam a ser ocupadas por uma semana.
O trânsito volta a existir e afinal ainda nem sequer é verão...


segunda-feira, 11 de maio de 2020




Como o dia se demora quando não estás aqui...
E o tempo custa a rodar nos ponteiros do relógio.
As expectativas do que é normal ficam para segundo plano...
Se não estás aqui... por onde andarás...?
Já passaram horas a mais desde que te vi...
Houve crianças que ficaram homens e familias a serem criadas...
Em todo este tempo, vil carrasco do amor a distância.
Apenas te vi nos meus sonhos e pensamentos...
A foto que tenho tua já não se parece com a imagem que imortalizei no meu peito...
Que recordo cada vez que fecho os olhos...
Não sei se sou eu que já não sou o mesmo ou se a foto se alterou...
Estes milhões de segundos que me condenam sem ti,
Deram-me tempo a mais para reviver os erros, mas não lá permanecer...
Deram-me tempo demais para te recordar e querer te abraçar...
Deram-me sabedoria tanta que só te anseio qualquer que seja a tua vontade...
E de repente o sol fura as nuvens,
A visão alcança agora o horizonte...
Na pausa das gotas, a tua face como imagem...
O barco que cria a gota de profundidade nesta imagem...
E o silêncio...
Esse passarinho silencioso que aterrou neste ombro,
Que me ensinou que nele tudo é mais puro.
O pano da noite cai e com ele a luz esconde-se,
As gotas da chuva cessaram, timidamente ficaram minúsculas...
Deixaram um aspecto tenebroso da noite...
E a forma como essas goticúlas se seguram em tuas pestanas,
Chamam estes lábios ao seu encontro,
Deixam a casa mais convidativa...
Dão o augurio da renovação e da frescura...
Chamam o desejo...

domingo, 10 de maio de 2020

O cheiro a whiskey...
O fumo no quarto...
O som do piano que toca no teu telemóvel...
E a porta que bate atrás de mim.
O passo é certo e na tua direção...
O casaco ficou no chão perto da porta,
E a t-shirt já saiu...
Já não sei se é o teu perfume,
Se o cheiro do tabaco misturado...
Na minha mente imagens dos meus dentes no teu pescoço,
Enquanto caminho já com o cinto na mão...
E tu mandas o fumo para fora,
Enquanto amparas a minha rude chegada nesses lábios.
Aumenta o som! Enquanto ofego perto do teu ouvido...
Hoje vamos fazer barulho... vamos partir esta merda toda!

Como poderia ela saber?
Tinha aceite uma sentença de morte com ações irresponsáveis,
Anos jogados fora no subcrime e jogadas duvidosas...
Amigos errados e noites de décadas levaram à consequência em que me encontro.
Onde não me encontro...
A noite foi demorada e intensa... o telemóvel não teve volume para conter,
Nós também não quisemos saber...
No meio do fumo, do whiskey e do foder...
Espero que ela não queira saber muito de mim...
Espero poder condenar a minha própria vida sem ressentimentos ou culpas...
Mas sei que não é assim,
Que as energias se agarram e se habituam e desejam...
Mas carregam com isso consequência...
Peso inglório e indesejado em alguém que não quer nada... querendo tudo!

sábado, 9 de maio de 2020

Como para os jovens o tempo não passa...
Mas para os mais velhos ele já corre, escorre e foge...
Um dia seremos nós que vamos causar desconforto e incómodo.
Hoje que somos humanos capazes e fazedores de tudo,
Também chegaremos a ser velhos os sortudos.
Não nos vamos lembrar dos sacrifícios que fizemos...
Até porque para nós nem foram sacrifícios foram força!
Mas um dia seremos nós a mudar as realidades.
Seremos nós a aceitar as condições...
E a dizer aos nossos filhos o que aceitamos nas suas verdades.
Filhos que se tornam pais... pais ficam avós...
E os tempos que não permanecem nos nossos termos,
Mudam o que podemos aceitar como normal no nosso anormal de tempo...
Enquanto os filhos ganham a força que perdemos e a vontade que tivémos,
Somos sombra parca aos nossos olhos dos nossos pais,
Mas colossos de momentos familiares aos olhos dos filhos...
A dualidade de velho e novo entra em choque com os papéis...
De filho e pai, avô e neto, pessoa e pessoa...
Vamos amar mais...

Será que é no silêncio,
Que perdemos os que nos amam?
Na falta de transmissão do que sentimos...
E na vergonha de sentir...
Mas sentimos tudo como seres colectivos,
Apesar de acharmos que somos únicos...
Somos apenas aquilo que quisermos ser,
Mas nada mais que os outros que nos rodeiam...
Que sentem também,
Que se magoam para não nos magoarem...
Sejam mais humanos...
Sejam melhores que eu também vou tentar! :-)
Andando pela areia do mar....
A dar chutos na água e a olhar as gaivotas,
Considero a minha existência...
Prescruto os céus para ver se entendo...
A fragilidade da vida,
As emoções tão fugazes...
E a vida que se mostra neste sol...
Sinto-me com sorte por hoje...
Pela areia e pelo sol...
Trago a prancha comigo,
Com esperança de partilhar algo mais...
Com este meu amigo que cuida de mim...
Sem grande expectativa abraço a frugalidade,
E encho-me de sal e sol...
Alimento o interior deste invólucro,
Com este calor que me consome exteriormente...
E de coração cheio agradeço.
Agradeço o saber apreciar,
Agradeço a vida que posso partilhar...
Agradeço teres-me dado esta forma de ser,
Em que aprecio todas as formas de viver.
Em sou animal e deus,
Pensante e fazedor como se nada mais houvesse,
Nesta forma de vida inglória de parasita que nos consome,
Sem nunca olharmos para o que temos....

O vinho demora-se na ponta dos teus lábios,
Convidativo, chama por mim...
O cheiro das velas aproxima-nos.
E eu sinto que tenho vida enfim...
O pulsar deste coração parece agora um metrónomo...
E a vida que julgava desaparecida,
Aparece num sorriso de cumplicidade e sintonia.
Os movimentos quase se tornam autónomos,
Enquanto relembro o quanto morria...
Neste beijo que se prolonga,
E me preenche de amor e desejo...
Recordo quanta terra já estava por cima de mim...
Das pessoas a olharem cabisbaixas para a madeira.
Até ver o meu reflexo em ti...
E este espiríto rebentar tudo o que estava à beira...
De acordo com as expectativas não era eu o importante...
Não era eu a felicidade!
Mas que seja sempre eu a comandar o rumo deste navio...
Sem nunca perder perspectiva...
Senão a luz perde o seu pavio,
E a lua deixa de ser a minha amante altiva...
Que o ponto de partida deste ser,
Nunca queira começar noutro nem noutro acabar...
Que seja o início da luz e tudo o que vier para ter,
Uma forma de viver e saber um dia amar...
Com a mochila nas costas e a garrafa na mão,
Ando pelas estradas num desafio individual...
Serei consumido pela minha indiferença ou não,
No decorrer desta vida para os outros tão anormal...
Não quero saber se te interessa esta forma de viver,
Ninguém te perguntou o que achas do que faço...
Vou continuar a ser eu a decidir o que vou fazer,
Garanto que não há nada atrás desse próximo passo,
A guitarra que toca com o vento nas minhas costas,
Os cabelos que me fogem para a boca...
E o som da tua voz a perguntar... voltas?
É o suficiente para a minha resposta rouca...
Há lagartixas a atravessar a estrada fervilhante,
E o indío está a controlar cada movimento que dou...
Como precisava de ser mais distante,
Mas tenho de assumir que sou como sou...

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Like a rainfall,
Unannounced...
No thunder...
No storm...
Drops on my skin,
Taste of your's...
Feeling soaked,
But eager for more...
I'm lost at directions,
But found my home...
Building the temple of...
Something that remains.
And calling it my own,
Like if anything could be owned...
Since I'm merely passing by,
I'll own nothing...
But the memories of smiles...
True emotion is worth more,
Because of this my soul is sore...
But in it lay all my wonders,
Even the choices that come to pain,
In those there was knowledge or gain...
I remain as I am,
Just another pebble in the sand...
Another shell in the shore,
Wanting to be more...
But more might be something less,
Leaving my with sadness...
To remember life by...

Ainda houve umas coisas boas a acontecer durante a quarentena.... :-D


Deixa-me mergulhar em ti,
De uma forma que nunca mais me afaste...
Já passou tanto tempo para sentir o teu sal,
E as gotas que me cegam nas nossas brincadeiras,
São agora desejadas, ansiadas e saudosas...
Baixas-me a temperatura de manhã e aqueces à noite...
Como carregas em ti toda a vida...
E é sempre na tua companhia que vejo os melhores nascer do sol...
Anseio andar contigo pelos calcanhares,
Sem olhar para o relógio,
Sem sentir a clepsidra a puxar-me para outro sítio...
Quantas vezes já aceitaste o meu choro de saudade,
De falta de amor ou de amor a mais pela pessoa errada?
Foste sempre confidente mesmo sendo parte de mim...
E eu sinto a tua ausência...
Preciso do teu beijo salgado para ser algo...
Preciso das tuas massagens nas minhas solas,
As tuas carícias na minha pele,
A tua leveza em mim...
E a sensação que nunca te farei mal gratuitamente...
Que sempre tive...
Enterrar os pés na tua amante quente,
Fugir para ti numa corrida para refrescar-me...
Afinal que somos nós senão amantes daquilo que queremos para sempre manter?
Quero um mergulho para me abraçares logo de uma vez...
E ficar lá em baixo até não suster mais a respiração,
Quero deixar que a pele dos dedos se enrugue...
Que o meu corpo pense que é naquelas condições para as quais tem de evoluir...
Porque não me quero afastar novamente tanto tempo de ti...

És porto de abrigo em tempestade,
Casa forte deste coração...
E mesmo quando não haja vontade,
Não deixas de ser tentação.
És salgada e isso vê-se em mim...
És alimento e petisco também...
Relação que não vai ter fim,
Pois eu não vivo sem.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

The temple has shut it's doors...
I'll embrace the ice wastelands as my new home.
Though the times have passed under the hourglass,
I linger in your might, on your return...
The frames have gone by slowly,
But the feeling has gone away suddenly...
The hole will never be returned to it's place,
And I shall never be complete again.

Many things have streamed in this mind,
Recollections of smiles and musical events,
People holding hands and freedom more than a word...
Decision was individual although conditioned by the system.
But there was life, love and hope...
Until he came...
First he stole our sun leaving us to die in the cold...
The first days, crops, animals, forests and unaware millions of us,
Froze where they stood.
Most of the sea became rock solid,
But the few ones that lived or worked close to a geothermal fissure,
Were able to develop new warming clothes,
New ways of celebrating the millions of dead...

But we were all lost...
Without purpose is much worse than without hope...
Do nada nada surge,
Mas é do nada ou desconhecida
A sua vinda...
Que me deixou assim.
O vazio que cada vez mais permanece,
Empurra desejos ou ambições...
Promove o silêncio,
E empurra-me para o precipício....
Deste nada que me consome,
Sou fruto estéril sem propósito...
Sou fraca versão de alguém...
Mas como todas as inutilidades do mundo,
Posso ser algo para alguém,
Mesmo não o sendo para mim...
Nem que seja a mais cruel bactéria,
Há pessoas que olhando para o negro da escuridão vêm beleza...
Serei eu assim tão breu...
Terei assim tanta maldade em mim?
Corro para o que posso e quero,
Olho para o retrovisor para ver se alguém vem...
Se ninguém vem... não vou avançar?
Que o negro seja o novo rosa,
Que alguém se perca em mim...
Senão há-de ficar em prosa...
Que a vida acabou enfim...

sábado, 2 de maio de 2020

Não sei bem o que escrever... sinto-me como se nada valesse a pena de passar para o papel...
Como se eu pudesse de alguma forma me sentir abaixo do que o papel merece... como se o meu conteúdo fosse inexistente ou inválido... cada dia que passa me sinto melhor em relação ao que tenho feito, ao que tenho produzido e aos planos que deliniei para este ano... no entanto, parece que nada é suficiente para mim próprio... constantemente batalho contra mim próprio e continuo a constatar que sou eu que mino o caminho que quero percorrer com armadilhas (para me justificar o falhanço). Corro atrás de algo que ainda não consigo identificar... não sei se ando a correr atrás de algo que seja mesmo um desejo meu já que não o consigo ver e o não saber de que ando atrás... a falta de conhecimento deixa-me apreensivo e tudo o que faço é questionado 5 e 6 vezes lutando sempre contra mim próprio nesta batalha inglória...
Sinto a falta do sol na tua face,
Com o mar como horizonte...
Com o sol como pano de fundo.
Não que anseie o que já foi...
Mas há recordações que quero reviver.
Há histórias que desejam sequelas,
Há desejos que rompem as barreiras...
E que somos nós sem desejos?
Sem termos um retorno de emoção...?
Sem termos um pouco de desejo de futuro...

I feel the ropes of the ship tightening as the wind picks up... The boards crank and moan as if they had something to say, As the silence ar...