sábado, 30 de janeiro de 2016

As nuvens acumularam-se nesta presença,
E a luz deixou de brilhar por algum tempo.
Ao tanto que já foi lida a minha sentença,
Que já merecia algum pequeno alento.

Foi com um sopro de vontade,
Que mudei a minha envolvente...
Recuperei a alegria, que saudade,
Meti energia neste corpo dormente.

As ondas do mar lavaram,
Toda esta alma perturbada.
Duas pessoas que se amaram,
E sigo sozinho nesta cruzada.

Se os caminhos que traço hoje,
São pelas escolhas que tenho feito.
Então é esse destino longe,
Onde possa encontrar meu leito.

Passo ante passo avanço,
Neste meu caminho que escolho.
É em novo destino que me lanço.
E vejo-o pelo canto do olho.

Não há dúvida alguma em mim,
Que possa escolher as opções.
É a forma de sentir por fim,
Que valorizo as minhas emoções.

Sei que me vens ler...
Mesmo que o silêncio seja a tua forma de falar.
Vou continuar a escrever...
Mas já deixei de te aguardar.

Agora que só consigo olhar para o horizonte,
Não consigo enxergar onde coloco meu pé.
É mais difícil porque sozinho escalo este monte,
Seguramente que não vou voltar ou dar de ré.

Já cheiro o topo com todas as suas flores,
Levanto uma perna de cada vez, cheia de dores.
E já daqui consigo bem enxergar,
Um novo augúrio, o sol a brilhar.

Ainda lá atrás vens devagarinho,
Fiel companheiro como estás velhinho.
Hás-de me ajudar sempre nestas travessias,
Ou não estivéssemos ambos à espera de melhores dias.

Pouco a pouco vamos recuperando,
O que decisões passadas nos roubaram.
É pelo que nos vamos lembrando,
E pelas razões que terminaram.

Importante será lembrar,
Tudo o que se passou e viveu.
Não será isso o amar,
Que por tanto se sofreu?

Guardar as pequenas recordações,
Os sorrisos e gargalhadas...
Esquecer de vez as discussões,
Lembrar as tardes encharcadas.






domingo, 24 de janeiro de 2016

Ouço as gotas a baterem no telhado...
E sinto os pés a fugirem das mantas.
Na vontade de não sair da cama, fico deitado.
Enquanto tu te decides e levantas.
O vazio que criaste deixou entrar frio.
Mas não faz mal pois enrolo-me de novo...
E apercebo-me que não tenho vontade, que não rio.
Enquanto penso no fim de semana de Porto Covo.

No canto do quarto está o principal veiculo da viagem...
Como os dois emborcámos a gasolina com vontade.
Sabias que tinha de ser assim ou não tínhamos coragem.
De embarcar nesta viagem à procura da verdade.
O veiculo está vazio como podes verificar...
E tudo o que poderia melhorar...
É tão perceptível no nosso olhar...
Mas há ainda algo a nos travar.

Cheiro o teu fumo na cozinha com o café...
Levanto-me para te fazer companhia apesar do sono...
E a esfregar os olhos vou pé ante pé...
À espera desse nosso abraço puro e longo.
A distância a que te vejo hoje não corresponde ao nosso amor.
E há algo que não sei bem quantificar nem explicar.
Não sei se é em mim que vês e sentes essa dor...
Ou se achas que já não sabes me amar...

As fotografias que vimos ontem foram variadas,
Mas quedámo-nos nas pedras com a Ilha ao fundo...
Algumas com o gelo dos copos ficaram molhadas,
Ficaram ontem a secar e hoje... as refundo.
Soubesse do que sei hoje, e essas recordações imprimidas...
De paisagens e beijos explícitos, de provas de amor e cumplicidade.
Teriam tido outro rumo, escondidas e refundidas.
Pois andas a julgar o nosso amor... pela sua idade...

Sabes que por mim...
Os meses deviam já ser anos.
Mas também sei que és assim,
Uma mulher com muitos planos.
Como quero levar a vida para a frente,
Seguir e crescer como pessoa e talvez pai...
Não que queira ser diferente,
Quero assumir o que no meu coração vai.

Tudo o resto não me assusta,
A perspectiva de começar de novo...
Sei que no princípio custa,
Especialmente compreender novo povo.
Mas de que serve ter coragem ou vontade?
Quando se anda aqui com a alma a metade...
E de nada serve tentar falar contigo...
Pois até o teu silêncio é deveras sofrido.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Mais um segundo, nestas contas em que o resultado é indiferente...
Segundo me sinto eu nesta corrida de dois...
Se ao menos me confrontasses... me olhasses de frente.
Não ficava eu aqui a imaginar se existiria um depois...
Entretenho-me com o som das ondas do mar,
Na vã tentativa de não te ver cada vez que fecho os olhos...
Mas a saudade teima em persistir, em não acabar...
Gostaria de saber se iria partir ou ficar até sermos velhos...
Mas pouco vai fazer diferença nesta deriva de rumo.
Inspira fundo e relembra-te do bom que foi viver...
O toque na mão um do outro, no parque o cigarro e seu fumo...
E de como tudo o que tínhamos imaginado ficou por dizer.


domingo, 17 de janeiro de 2016

A faca saiu de mim...
Depois de tanto tempo aqui alojada.
Sei quem a meteu aqui...
Fruto de confusão malfadada.

Tudo se distorceu desde que a faca chegou...
Meu caminho ficou difuso e sombrio,
Mas recordo-me como devagar ela entrou...
E de como rápido veio o frio.

Agora ando de ferida aberta...
A curar o que conseguir.
A ver se o caminho acerta...
Ou se vou voltar a sorrir.

Como sinto a falta da adaga...
E arrepia o vazio aqui dentro.
Não há nada que a apaga,
Nem mata as borboletas no ventre.

Ainda sinto nas veias a tua presença,
Ainda vejo o bombear de sangue...
Como condenei tua ausência,
Nem recipiente nada estanque.

sábado, 16 de janeiro de 2016



E agora...?
Agora que tudo ficou no passado...
E que o passado ficou aqui guardado.
Que poderei eu fazer?
Será que ainda consigo escrever...?
Carrego-o como se uma pena se tratasse,
Mas como o fardo é pesado e carregado para o trazer.
Será que era isto que era suposto fazer?
E o hoje? E o amanhã?
E o depois que virá?
Conseguirei avançar quando para trás estou a olhar?

Vou tentar manter o queixo erguido,
E mudar de perspectiva imediata...
Neste espírito tão vil lângido...
Vou contrariar como a vida o meu coração trata.
E depois vou tentar sorrir a sério,
Vou abrir as páginas do livro ao calhas,
E escolher uma história melhor...
E apagar este meu ardor.

Olá...?
Não sei se te lembras de mim...
Durante anos a fio refugiei-me na tua capa,
Perdi-me nas tuas letras e mergulhei em cada reticências.
Será que depois de tudo isto...
Eu ainda existo?
Olá...?
Não sei o que foi mas...
Algo mudou...!
E nesse discurso mudo que manténs...
Percebo parcamente a tua mensagem.
E sinto que me falta a coragem.
Adeus...?
É isso que desejas...
E assim o terás.
Pois de que serve bater à porta...
Quando a porta não abre.
E de que serve escrever sobre amor?
Quando tudo o que isso te dá é dor...
Adeus...
Adeus aos parágrafos,
Adeus ao sentimento...
E tudo porque eu...
Não soube viver no momento.
Adeus mais uma vez...
Porque o adeus não vai daqui sair...
Sem este coração mais uma vez partir.

domingo, 10 de janeiro de 2016

"Naufrágio" de Ulisses Tirano

Este texto é de um amigo meu, um verdadeiro amigo meu... que escreve desta forma tão singular e tão marcante para mim... espero que concordem...

"Aperto forte o punho de cabedal da espada, é suave, contrastando a rugosidade dos meus dedos... do meu ser. De olhos fechados vejo-te tentares despir-me a armadura. Sorris e com essa tua graça, envolves-me nos braços e tremes ao toque frio da minha pele que reflete a lâmina. Pousaste gentilmente a mão sobre o meu peito; no interior, naufragado, afundava-se o coração. O meu rosto escondia a dor enquanto lentamente me enchias de emoção. Sem escolha ou opção deixei-me levar na breve brisa que os teus lábios pareciam provocar junto dos meus e eu, ser das trevas, incapaz de ver além da escuridão o meu vasto reino de solidão. Sinto-me quebrar neste falso isolamento que quis criar. Abro os olhos e ergo no ar a espada, essa que irá cortar aqueles que me tentarem conquistar. Sou um lobo no mar, há muito que desisti do amor e nada do que possas fazer me irá libertar. Sou um já morto, feito para batalhas sem fim, onde emoção é fraqueza e musas tornam água em sal. Só o sangue, este que hoje bebo, traz o sorriso a estes secos lábios e velhos olhos que em breve, espero, serão cerrados para sempre, naquele que será o derradeiro naufrágio no interior do copo em que me afogo todas as noites desde que me matei em ti."

Ulisses Tirano

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nas teclas que dão o mote... no som angelical da sua voz... encontro-te. Cada vez que ouço Sade... revivo... recrio... procuro-te em mim... na expressão do que poderia ser, sinto-me a metade de alguém que já foi... sou apenas um espectro agarrado ao passado e aos teus sorrisos... sou apenas uma sombra que se agacha nos recantos para te beijar com estes olhos agora vazios e desprovidos de sentido quando não me sentes perto... não serve de nada dizer que me sentes quase de todas as vezes... que esse olhar perscrutador do ambiente circunda o horizonte à procura de quem te olha, quem te observa, quem te ama... sabes que estou aqui... sabes que sou eu... mas eu... já não sou eu! Com a tua partida levaste a faísca da minha combustão e entregaste-me às nossas recordações e sentimentos passados para sentir algum resquício de amor... podes argumentar que fui eu que partiu... podes dizer que na realidade nunca me sentiste lá, a fundo... poder...? podemos tudo mas sabes que não é assim... que te procurei e mesmo assim ainda sinto o pesar da minha escolha em não querer atrasar a tua vida ou a minha em pára arranca sucessivos...
Certo é... que te desejo... que tudo o que foi já não volta a ser.. mas sei que tenho de encerrar mais este capitulo da minha vida... vou fazer por isso....!
Sabias que as tuas palavras silenciosas são pesadas e tão carregadas de sentimento que me gritam nos teus sussurros privados em que sinto os teus lábios a encostarem-se ao lóbulo da orelha que se arrepia... o calafrio já percorreu o deserto do nada protegido pelo dragão e chega agora à base do pescoço... Como pode o sentimento ser tão palpável, tão facilmente colhido apenas de pensar em ti... apenas de considerar se errei ou se poderia ter feito as coisas de maneira diferente...? Como pode um erro ser tão devastador e dilacerante? Como pode, algo com que determinaste a vida e a forma que levas alegria dela ser determinado por um baixo de uma fase ou uma escolha infeliz numa altura menos boa....? As repercussões  estão muitas vezes escondidas, refundidas da decisão imediata que procura a tua estabilidade, a tua essência e determinação na procura dos objectivos... mas a escolha é sempre tua... mesmo que em detrimento da tua liberdade da tua força impulsionadora que te direcciona para onde no fundo, apenas tu, queres ir...
E fico novamente a contemplar o vazio... a olhar para o passado e a agarrar-me a toda aquela felicidade que tivemos, que procurámos ambos e que na realidade, nunca chegámos a encontrar... mas pensámos que sim, que a pesquisa tinha acabado, que gostávamos tanto um do outro que considerámos ficar para sempre juntos... mas foi diferente.... deve ter sido grande o meu erro...!

I feel the ropes of the ship tightening as the wind picks up... The boards crank and moan as if they had something to say, As the silence ar...