domingo, 30 de março de 2014

Não me quero rever em ninguém,
Nem esconder quem sou... porém,
Não te quero assustar, nem mentir...
E quanto ao sentir... quero fazer-te rir!
Quero criar sorrisos sinceros,
Em momentos intimos, se preferes.
Quero que me agarres a mão na rua,
Mas inesperadamente como se fosse tua.
Gostava de sem saber te ver chegar,
Surpreenderes-me com um beijo devagar.
E num piscar de olhos arrebatares meu peito,
Sim, o que se esconde aqui quase sem jeito,
Cada vez que te ve chegar...
De tão escondido alterna para do peito saltar...
Pois esse olhar que só tu trazes,
Perdido nas atitudes difusas que fazes...
Faz minha pele arrepiar, como se me penetrasse.
E dentro da minha alma se completasse.
Este pequeno tremer de emoção,
É apenas o incómodo de sensação.
Um evitar de mágoa e dor,
Que se resguarda atrás de um muro sem cor.
Será que se torna mesmo um medo de viver...?
De me entregar e do teu amor colher?

quinta-feira, 27 de março de 2014



Ignoraste o meu desejo,
E mudaste tudo o que podias...
Pois perdido em teu beijo,
Estava esse orgulho que escondias.

A sala está diferente da configuração original,
Não reconheço o tacto das coisas que me rodeiam...
E tudo me parece verdadeiramente mal.
Quando todas estas sensações querem sair e anseiam.

Já correu tanto tempo nesta vida que levamos...
E de nada serve olhar para ti e não sorrir...
Já nem sei bem acerca do que escrever,
Mas a vontade é grande de sentir...
É maior a necessidade de te ver viver,
Apesar de viver ser muitas vezes fugir.

Como tudo na vida, podemos muitas vezes olhar para o chão...
Mãos nos bolsos e olhos na calçada à espera de algo que mude tudo...
Como se algo que encontrássemos, nos trouxesse paz.
Agora que já entendi maior parte das coisas que posso simplesmente aceitar...
Nada é igual e o tempo mudou tudo... até eu sou diferente e não mudo.
Na retrospectiva de quem fui... e de tudo o que tem vindo a mudar.
Não vejo acções más ou perspectivas egoistas que afastariam aqueles que amo...
Mas vejo atitudes que não se conjugam, vejo pontos de vista dispares de quem sinto que sou.
Fruto das perspectivas que tentei assumir...
Noutras almas que se preferiam reflectir assim...

domingo, 23 de março de 2014

Corres num prado verdejante,
Cosmos que te mira de cima.
E assim entras de rompante,
Num coração que muito estima.

Em puro contraste com o verde,
E os braços caidos a teu lado.
Neste sentimento que já cede,
É contigo que quero sentir o fado.

É condição para abraçar.
Numa página que já foi branca.
É imperativo com força te agarrar,
Para entenderes que a sensação é franca!

Mas o tempo apenas mostra um sentido.
No passado já ninguém vive.
E o futuro passa depressa, corrido...
Quando penso no que já tive.

Mas de que vale ter ou deixar de ter?
Não é assim que vemos o que precisamos...
E por muito que o queiramos esconder,
Temos de ser verdadeiros com quem amamos.

Hoje, já não te procuro...
Sei que um dia hás-de me encontrar.
Posso até ser um pouco duro...
Mas aprendi a por ti esperar.

De que vale entregar-nos a alguém?
Quando desconfiamos que não vai resultar...
Passa o tempo e depressa porém...
Chega-se à conclusão, que não basta amar.

sábado, 22 de março de 2014

Sabes que essas datas assombram-me?
Que recordar a ultima vez que contigo estive...
Me amedronta e arrepia?
Pois é esta vida que se vive,
E com quem estive, só eu poderei saber...
Mas a quem me entreguei...
E com quem realmente privei,
Nas formas mais puras de interacção...
Vive ainda intensamente neste coração.
Por acaso não sei bem as datas,
Nunca devo ter sido bom a memorizar...
Sou mesmo bom é a plantar... até favas...
Para mais à natureza me ligar...
Essas datas são supérfluas...
E o seu significado importante para alguém.
O tempo marcado pelas diversas luas,
Parece que fica sempre aquém.
Daquele entusiasmo, daquela sensação,
Que se respira, que exala emoção.
Mais uma vez, vou-me quedar já aqui perto...
Dia da poesia atrasado, já foi um dia tempo certo.
A chuva hoje ameaça,
Como se fosse deslizando pela atmosfera.
A água, gentilmente escorre pela minha cara,
Nesta minha pele rugosa do tempo que não pára.

Será o tempo uma interrogação?
Em jeito de pergunta ao ser...?
Ou viveremos nós em negação...?
Porque em todo este tempo, não conseguimos tudo viver?

Essa luz que no outro dia me aqueceu o peito,
Gostava que por cá já ficasse de vez.
Poderia dizer que é conveniente ou que dava jeito.
A verdade é que sinto a tua falta talvez...

Por isso se não tiveres onde ficar,
Tenho quarto extra para te acomodar.
Agora só espero que a lua não se importe,
De lhe convidar a cara metade de grande porte.

terça-feira, 18 de março de 2014

Mais um dia e pressões do quotidiano,
Em que os ponteiros rodam devagar...
Em que o dia se torna mediano,
E o desejo é do dia acabar.

Mas heis que o sol se revela,
E a esperança afinal respira...
Que este vento me encha a vela,
Pra ver se minha vida vira.

Cansado do frio e do escuro,
Abro a janela e respiro ar puro...
E que esta luz me levante e preencha,
Que ganhe força e agarre na prancha.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Já começas a aquecer-me...
E num sopro rápido baixas a temperatura,
E o controlo começa a fugir-me...
Neste arrepio que se augura.

Beijas-me a pele sempre que podes,
E eu facilito essa tua intervenção...
Mas há tantas vezes que me foges...
E te tapas com tanta presunção.

Mas mesmo assim te desejo...
E te procuro em viagens...
Pois sinto a falta dos teus beijos,
E sem ti não há paisagens...

Oh como já eu ambicionava...
Esse teu brilho, essa tua luz,
Pois enquanto a chuva se debruçava...
Era quase carregar a cruz.

Agora que me acompanhas diariamente,
Posso fazer tudo a que me proponho...
Pois apesar de não seres gente...
É contigo em vida que realizo o que sonho.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Living...

Não quero escrever para ti...
Por saber que me lês.
E pensar em ti...
Relembra-me como me vês.
Mergulhado neste ambiente...
Divago, procuro-te, mas de maneira diferente.

Não comecei para te impressionar,
Apesar de saber que talvez gostasses...
Isto sou eu... nem toda a gente pode gostar,
Como se isso hoje em dia importasse...
Tenho este vazio que carrego comigo...
Mas que hoje em dia faz tanto sentido...

Passei tanto tempo a tentar encher esse buraco,
Que o tempo me moldou, num estado alterado...
Hoje, não olho para o buraco como um saco...
Mas como parte de mim ainda não quebrado.
E sinto um fogo a crescer dentro de mim,
Que me deixa contente e feliz por fim.

Por saber que de nada precisamos,
Quando a paz em nós procuramos.
E que cada dia que passa sou mais completo,
Não procurando o mesmo afecto.
Apesar de saber que todos nós erramos,
E necessário que os erros, os vivamos.

E assim, todos os dias acordo e coloco a musica a dar...
Não para me forçar mas sim para a sentir,
Pois que é a vida senão uma musica a tocar e nós a dançar?
Em que o propósito máximo é pular, saltar e rir...
Vou deixar de complicar e tentar ainda ter uma vida semelhante ao que idealizei?
Ou vou assumir que preferi outra direcção e me realizei...?

Ok, não tenho um carro novo para andar,
Nem procuro mais ganhar...
Amanhã arranco para sagres e nada paga isso...
Estar sentado na praia com garrafão de vinho, queijo e chouriço...
Pisar a areia... molhar a cara...
Querem ver que tenho vida cara?






quarta-feira, 5 de março de 2014

Espero que não estranhem que de repente me tenha apetecido escrever novamente...
Fui convidado a integrar um livro de autores diversos Portugueses com alguns dos meus poemas, daí ter voltado a escrever com alguma maior periodicidade.

Não é fácil escrever... parece que quando tudo está bem que a escrita não é tão importante e dificilmente nos conseguimos agarrar a ela com dentes e garras. Fica como que relegada para segundo plano. No entanto, acho que se desejamos que assim seja, que assim se deva processar, nunca esquecendo que, a escrita e a poesia são ao mesmo tempo periodos de relaxamento em que nos tomamos individualmente e processamos os nossos pensamentos mais reconditos e privados.

Algumas das coisas mais bonitas que já escrevi, se não todas, foram quase sempre em periodos perturbantes... Crises de amor, falecimento de familiares, luta por independência, entre outras crises emocionais e perturbantes seja em que fóro for.

O papel sempre recebeu a minha dor, alegria, extâse, luxuria... espero que eu consiga continuar a honrar o papel com palavras que fiquem bem bonitas na mensagem que desejo enviar...

Boas leituras! :-)

Já passou tanto tempo,
Mas os dias que me dizem algo...
Carrego-os com muito alento.
Em peito orgulhoso de fidalgo.

Farias hoje 60 anos...
Tu que todos os dias me fazes falta...
Todos os copos que tomámos,
E conversas pensava eu serem de chacha...

Continuam a ser bebidas,
Em recorrentes investidas...
Sempre com esperança de te melhor recordar.
Porque o tempo continua a passar.

Na névoa das tuas expressões,
Ficaram as tuas palavras.
Recordo algumas alterações,
Quando a voz ficava fraca.

Partiste há já tempo demais para me cairem lágrimas,
Mas sou quem sou devido a ti também...
E orgulhoso escrevo sobre ti nestas páginas,
Tu que fizeste de ninguém, alguém!


terça-feira, 4 de março de 2014

Acho que cada vez mais,
O decurso da nossa vida não pode ser errado.
Já o mesmo não dizem nossos pais,
Que em muitas acções não se identificam no passado.

São decisões ao segundo,
Numa vida que se nos escapa.
Algumas com significado profundo,
Outras perdemos tempo em lhes retirar a capa.

O que é certo é que no final do dia temos de sorrir,
E olhar para trás sem pesar.
Pois nada em vida é melhor que sentir,
Quando se tem assim tanto para dar...

A distância e saudade complicam decisões,
Atrasam mudanças que muitas vezes melhoram...
Mas são essas as nossas emoções,
E são elas que em nossa alma vigoram.

Sempre que o medo te surpreender,
Depois de contares alto e te conseguires acalmar...
Olha para o medo com pesar,
Pois quem o medo deixa mandar, não está na verdade a viver.


segunda-feira, 3 de março de 2014

Em cada dia que passa se aprende,
Até se pode passar algum tempo em que nada ocorre.
Mas seguramente que até na mais pequena atitude rende,
Esse ensinamento que mais cedo que tarde escorre.

Podem ser coisas simples de amizade,
Pior seria se com a saudade tivesse a ver…
Não digo que não aprenda nada com a saudade na verdade,
Mas tudo o que tenha a ver com saudade é a doer.

Na recordação de tempos vividos,
Aprendo que nunca se diz nunca…
Que não se ignora os sentidos,
E que nem os amigos são intemporais.

Estou a tentar assimilar há algum tempo,
Que se algo tenho de fazer é de assumir quem sou…
Sem pressas nem pressões, há que ganhar alento.
Saber o que quero, para onde vou…

Deixar de aceitar trabalhos semidementes,
Em ambientes que se cortam à folha de papel…
Pensam que nos pagam decentemente,
Enquanto na nossa boca fica o sabor a fel.

Sobrevivemos cada dia com menos,
E esticamos o lençol para os pés tapar…
Qualidade de vida que se inveja no estrangeiro ao menos,
Pois não tentam ir ao Hospital nem segurança social visitar.

E assim se passa mais um dia português…
Onde todos nos queixamos mas ninguém faz nada.
Pode ser que consiga aprender de uma vez…
Aceitar que posso ficar, com o que o estado me deixar ficar.

Oh como a pétala cai,
A terra se molha…
E o vento vai…
 
Ai que dor que sentia,
Que pelo peito escorria…
Ao ouvir esta canção.
 
Calafrio doce,
Num sorriso acanhado…
Tímido beijo acaba transformado.

Mas aí te quedaste,
E em flor te tornaste…
No centro da minha mão.

Não sei nem porquê,
Mas desde cedo que soube…
Connosco sempre amor houve.

Pois quando fecho os olhos,
Como quando olho para o sol…
Apareces em círculos improváveis.
Círculos esses com vontade própria, indomáveis.

E assim me cegas célere,
Num esgar de tentação,
Numa tentativa de recordação.

 

I feel the ropes of the ship tightening as the wind picks up... The boards crank and moan as if they had something to say, As the silence ar...