domingo, 24 de janeiro de 2016

Ouço as gotas a baterem no telhado...
E sinto os pés a fugirem das mantas.
Na vontade de não sair da cama, fico deitado.
Enquanto tu te decides e levantas.
O vazio que criaste deixou entrar frio.
Mas não faz mal pois enrolo-me de novo...
E apercebo-me que não tenho vontade, que não rio.
Enquanto penso no fim de semana de Porto Covo.

No canto do quarto está o principal veiculo da viagem...
Como os dois emborcámos a gasolina com vontade.
Sabias que tinha de ser assim ou não tínhamos coragem.
De embarcar nesta viagem à procura da verdade.
O veiculo está vazio como podes verificar...
E tudo o que poderia melhorar...
É tão perceptível no nosso olhar...
Mas há ainda algo a nos travar.

Cheiro o teu fumo na cozinha com o café...
Levanto-me para te fazer companhia apesar do sono...
E a esfregar os olhos vou pé ante pé...
À espera desse nosso abraço puro e longo.
A distância a que te vejo hoje não corresponde ao nosso amor.
E há algo que não sei bem quantificar nem explicar.
Não sei se é em mim que vês e sentes essa dor...
Ou se achas que já não sabes me amar...

As fotografias que vimos ontem foram variadas,
Mas quedámo-nos nas pedras com a Ilha ao fundo...
Algumas com o gelo dos copos ficaram molhadas,
Ficaram ontem a secar e hoje... as refundo.
Soubesse do que sei hoje, e essas recordações imprimidas...
De paisagens e beijos explícitos, de provas de amor e cumplicidade.
Teriam tido outro rumo, escondidas e refundidas.
Pois andas a julgar o nosso amor... pela sua idade...

Sabes que por mim...
Os meses deviam já ser anos.
Mas também sei que és assim,
Uma mulher com muitos planos.
Como quero levar a vida para a frente,
Seguir e crescer como pessoa e talvez pai...
Não que queira ser diferente,
Quero assumir o que no meu coração vai.

Tudo o resto não me assusta,
A perspectiva de começar de novo...
Sei que no princípio custa,
Especialmente compreender novo povo.
Mas de que serve ter coragem ou vontade?
Quando se anda aqui com a alma a metade...
E de nada serve tentar falar contigo...
Pois até o teu silêncio é deveras sofrido.

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I feel the ropes of the ship tightening as the wind picks up... The boards crank and moan as if they had something to say, As the silence ar...