sexta-feira, 17 de junho de 2016

Deitado,
Deambulo em ti.
Longe de tudo o que interessa...
Fecho os olhos para ver,
O que já foi e o que está para acontecer.
Ambos estamos infligidos
De cicatrizes de amores profundos.
Contudo recorremos ao passado,
Ao que cada um de nós já sentiu...
Para antecipar o futuro,
E condenar esta nova criação.
Somos almas velhas em corpos suaves...
Amantes dedicados em toque de veludo,
Entregues em grande parte... contudo,
Acho que todos nós nesta altura,
Procuramos mais que o conforto de um abraço,
Mais que um coito perfeito,
Ou um beijo inesperado e sem jeito.
Procuramos alguém que nos queira aceitar,
Sem máscaras, sem filtros, com defeitos...
Com a inevitabilidade da vida a improvisar,
O que já fora antes encontros perfeitos.
E com essa compreensão a planta regar,
E querer apenas assim e de nenhum outro jeito,
Adiar esse beijo que há para dar...
Mas eu sou um errante incomum,
Que nunca verdadeiramente conheceu o imprevisto...
Sou fraco de vontade e homem de metade,
Mas sei que a vida é apenas uma e que existo!
Talvez seja essa a razão da falta de procura da paternidade,
Medo de sentir a fuga da possibilidade de irresponsabilidade.
Colho frutos dessas acções todos os dias,
Mas não fosse eu quem sou e não sentias.
Olho para a vida de um modo simples e com poucas ambições,
A passar tempo na praia (ainda não se paga) com as nossas criações.
Pois é aí que reside para mim a riqueza e onde eu perco,
E onde encontro este espaço em que me cerco.
Da continua passagem do tempo,
Da importância do carinho e da passagem do testemunho.
Daquele abraço com o suspiro profundo.
Oh como a vida é feita de doces pecados,
De retratos recortados,
Que tentamos dar lógica.
Como é que o desejo e vontade,
Acordou a minha outra metade?




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