Como é bom olhar a tormenta à distância e sentir que parte de nós apesar de adormecida pelo que vimos, pelo que passámos, se mantém a mesma... mas mudada, com a base mais sólida mas torta e empenada pelos actos que nos marcaram.
As nuvens como que sorriem na ironia de sentirem que nos deixaram passar, mas sabemos que nada é fácil e.. que se passámos, foi por mérito, bravura e intrepidez colectiva e não por favor ou pena.
Nada é maior que a alma humana! O que lhe falta em espaço ocupado, compensa numa presença continua moral, numa direcção presente, num bem vs mal que nunca nos leva em rumos diferentes daqueles que somos.
Fomos nós, todos nós, que aguentámos a borrasca, que colhemos as velas e esticámos as cordas e cabos, que nos amarrámos ao mastro e segurámos a retranca, que aproámos à vaga e ao vento e que os conquistámos com toda a nossa força de barba azul, com todo o nosso sangue salgado a bombear as extremidades que arrefeceram tão rapidamente após os primeiros dias de chuva e salpicos das vagas. Fomos nós, que ao ouvir as sereias nos refreámos e restringimos todos os nossos esforços para não as encontrarmos no fundo do mar contra os nossos mais intimos desejos. Fizémos tudo isto... e vencemos esta batalha, nem que seja para mais tarde andarmos na prancha, nem que seja para nos afundarmos na próxima... mas esta... é nossa!
Que os tempos glórios se propaguem, se divulguem e se repitam. No entanto, que não tragam borrascas grátis em cada mudança de maré, pois apesar de um verdadeiro lobo do mar, a ele pertencer, merece minimamente um mês de sol por cada borrasca vencida.
Que escorra o grogue, rumem a terra mais próxima e entreguem-se aos prazeres carnais... todos vós deram seu contributo e merecem uma recompensa e a sensação que vivemos para algo... para não nos entregarmos à morte como se espera em cada borrasca temos de sentir que vivemos, que existe um propósito superior e que a nossa existência não parte apenas por cavalgarmos as ondas do mar e comermos seu alimento, que não parte apenas pelos sonhos que ninguém partilha e as mulheres que nunca mais vão ver... a nossa existência faz-se disso mesmo, de momentos em que vencemos a morte, em que ultrapassámos todos os nossos medos, em que conquistámos as nossas reacções e o nosso ser na totalidade. Enjoy....!
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
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