Como os teus desejos me aqueceram.
Foi nesse sonho que fiquei perdido,
Onde os primeiros se perderam.
A tua pele cauterizava no toque,
Os teus lábios ardiam...
Foi por isso para mim um choque,
Sentir que partiam...
Ao passar a mão na tua anca,
E sentir o fervor que te dominava...
Quase não retenho meu corpo que avança,
E recuso-lhe o que tanto desejava.
O frio do quarto preenche-se de rubro,
E as paredes rasgadas de paisagens...
A alma não aguenta, rápido descubro...
Para avivar antigas miragens...
Quando nos esquecemos do mundo,
No nosso olhar profundo...
Somos unos verdadeiramente,
De um amor que não é recente.
Carregamos experiências,
Em memórias retidas e ignoradas...
Mas nem grandes ciências,
Separam duas pessoas amadas.
Nem tempo nem distância,
Podem impedir o amor...
Nem marcas de infância,
Nem relações sem cor.
Acho que se trata de voltar a acreditar,
Numa sensação de concretização pessoal.
Paixão é efemera, amor é para durar...
E é tudo menos normal!
Assim deixo aqui uma declaração,
Uma ode à plenitude.
Não vou abandonar a emoção,
Nem esquecer a juventude.
Vou olhar o luar,
Vou dormir nas dunas...
Voltar a acreditar,
Em ligações profundas.
Vou saltar com vontade e querer,
Como se os anos não houvessem.
E utilizar o passado para aprender,
A viver nos anos que passem.
Sei que algo está errado ainda,
Pois ainda aguardo a tua vinda.
Mas ao esperar vou aproveitar,
Esta alma e corpo que tenho para usar.
Mas não demores muito mais a chegar,
Minha musa, minha alma delicada...
Tu que nos meus sonhos vens habitar,
Porque é em ti que mais quero me deleitar.
Entranhar-me em ti num doce corropio,
Enquanto te enfias por debaixo das unhas.
Os batimentos tremem a chama do pavio,
E nossas mentes perdem-se nas brumas.
Mas sabendo quem eu sou,
Saberes quem tu és...
É cultivar a terra que se arou,
É fazer a cova da semente com os próprios pés.
Agora só falta chegares até mim,
Para colhermos os frutos da vida...
Sou perdido por ti e nem te conheci,
Desejoso dessa vida vivida.
Enquanto não chegas não te procuro mais,
Pois por tanto querer já me perdi...
Não quero conhecer mais nenhuns pais,
Já chega todas as escolhas erradas que vivi.
Se não sabes por onde estarei,
Também não to sei agora dizer...
Uma coisa agora que me lembrei sei,
Podes sempre começar por aqui escrever...
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