quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Não sei porquê mas ainda hoje a tua luz irradia desde que exististe na minha vida e reflecte-se no dia de hoje e no de amanhã e no de todos os dias que virão...

As memórias invadem a minha intimidade...
São poucos os momentos em que consigo estar verdadeiramente sozinho...
E nunca o estou... são os mesmos pensamentos, são as mesmas imagens...
Recordas quando te dizia que tinha a tua foto colada na parte de dentro das pálpebras?
É mais ou menos assim que me sinto... nesse meu suposto "descanso".


O cheiro a mar...
O barulho das vagas...
O teu paladar...
As minhas chagas...
Como desejei acordar ao teu lado...
Como me sentia apaixonado.
A vida tinha outras idéias,
E na verdade nós também...
Cada um preso em suas teias.
E com medo de ir mais além...
Chorei eu, choraste tu...
Vivemos desastres imprevistos.
Nesta vida que tudo processa a crú.
Construimos casas de xistos...
Pedra sobre pedra começámos...
Até o primeiro muro tombar.
Acho que foi aí que notámos...
Que só com pedras não ia chegar.
Tentei agarrar-te a mão e confortar...
Dizer que há mais muros para levantar.
Mas tu viste melhor que eu sem dúvida...
E agiste de forma súbita...

Mesmo assim ainda hoje como escrevo,
O quanto fiquei contigo aqui dentro...
Não sei se devia ou mereço...
Mas carrego-te sempre aqui ao centro.

Mas como me lembro da tua pele,
Dos doces sons da cama...
Dos teus lábios de mel,
Ou da tua cara de trama.

Dos filmes que não chegavam ao fim,
Da doçura do teu olhar.
Como me queria sentir outra vez assim...
Mas sei que isso não vai dar.

Sentia a pele a levantar o cabelo...
Na antecipação de estar contigo.
E em nós não havia fraco elo...
Senão o nosso passado vivido.

Como me deixava dormir,
A contemplar as tuas pestanas...
Ou como me fazias sorrir,
A fechar as persianas...

Aquela sensação de plenitude,
Nem que seja por instantes.
É como se eu tivesse tudo...
Entregue aos teus romances.



1 comentário:

I feel the ropes of the ship tightening as the wind picks up... The boards crank and moan as if they had something to say, As the silence ar...