A felicidade…
Como a exposição de luz para a fotografia…
Aquele momento efémero,
Que se não for capturado pela lente…
Dificilmente será um momento perfeito…
Mas se for, poderá ser glorificado…
E relembrado como o momento em que a luz foi perfeita,
Comparação que nos faz correr atrás,
Dessa desfeita…
Desse instante imortalizado,
Da plenitude que julgámos ter em tempos.
Hoje, não sendo feliz e colhendo a amargura deste coração,
Olho para a fotografia que parece de uma vida passada…
Em que a luz estava perfeita,
A felicidade era colheita.
Pelo nosso amor de viver.
Hoje que sou um trapo,
Algo que não identifico no espelho…
Onde procuro a solidão como jardim preferido,
E onde enterro os meus sonhos…
Sou consciente do que se espera de mim como indivíduo…
E vendo-me pária de todas essas expectativas,
Sou eu o anormal que depois dos 35 ainda não sou pai de família,
Que me recuso a trabalhar por valores injustos e defendo quem não consegue…
Mas sou eu anormal por ter abdicado daquela fotografia,
Tirada já com tantas parceiras que julguei serem as escolhidas…
Junto-as todas na prateleira da minha casa não como troféu,
Mas como forma de acreditar que este carvão que carrego ainda puxará fogo novamente…
E de vez em quando recordo a felicidade,
Algo que sempre será efémero...
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