De todas as coisas que tenho feito,
Não criei nada que fique para depois da minha existência...
Existem essas pressões na sociedade em que não me insiro.
Mas procuro passar esta breve passagem da vida despreocupado,
Livre para te conhecer, para me descobrir... para não viver em função de...
Sei que por causa disto não estou a viver um grande amor...
Para ser sincero, posso não estar a viver amor nenhum.
Cada vez mais aprecio as coisas calmas da vida e as que se desenrolam ao meu ritmo e vontade...
Como num ritmo de samba relaxado, danço pelas gotas da chuva...
Olho para a terra em busca de alimento e é nela que me alegro,
Com as suas dádivas e oferendas, com as suas comunicações discretas e secretas.
Os desejos aparecem sorrateiros nos meus sonhos...
De fininho infiltram-se nos planos individuais alterando-os com pequenas nuances...
O sol vai-se passeando pelo verão inconsequente.
A chuva ficou no horizonte e não quis vir à festa...
Sinto-me pequeno quando contemplo a tua verdade...
Como se estivesse a andar descalço num riacho,
A tentar ser uno com o que me rodeia.
Cada vez mais aprecio o que me dás e tento aprender o máximo que possa...
Sei que tudo é efémero e frugal quando falo de coisas que outros comprendem...
Sei que as perguntas que faço a mim, não são as mesmas que fazem.
A introspecção a que me submeto não é procurada por muitas pessoas...
O conhecimento que tento retirar da vida é algo que não é linear ou simples.
Pois quando se procuram lições perdemos o foco da aprendizagem,
Quando queremos ligar o botão de aceitar e comprender o que nos é dado...
Aí sim, somos nós que escolhemos aprender e é aí que se faz um salto evolutivo...
Mas as pessoas procuram o facilitismo e uma chamada por nome para saber que é a partir de agora...
Quando não existe qualquer altura para aprender e evoluir... sem ser agora!
Mas sempre agora... não daqui a meia hora... é um estado de espírito querer aprender e viver...
Algumas pessoas dizem que gostariam de ter a minha perspectiva de olhar para a vida,
A forma leve e despreocupada como encaro o que se me apresenta é algo que suscita curiosidade...
Como se fosse um ensinamento, como se alguma vez eu pudesse guiar alguém a bom porto...
A forma como encaro a vida é algo que não consigo colocar em palavras...
Conseguirei desde o momento em que não comecem a tentar refutar as minhas contradições...
Problemas sem resposta que me levaram a outras perspectivas e vontades.
E com as mãos a passear nas searas e com o sol na cara sorrio...
Sorrio não porque caminho na tua direcção,
Mas sim porque me sinto confiante e com vontade de encontrar tudo o que coloques no meu caminho...
Não caminho com receio...
Sou quem sou e não tenho qualquer réstia de dúvida que terei de me aturar a mim próprio.
Por isso não procuro o brilho do meu olhar no teu...
Não vejo nada como inquestionável ou eterno.
As interacções que mantenho são apenas as que me fazem sorrir...
As pessoas que procuro são apenas aquelas que não cobram...
Os desejos alheios já nada têm a ver comigo e para além de não me sentir responsável por eles...
Nada me custa não entrar em barcos que não seguem o meu destino...
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